No desconfortável roteiro do filme, mundos opostos convergem em uma relação de dependência e de exploração. De um lado, o universo fútil dos muito ricos, cujos desejos insaciáveis não são nunca apaziguados pela facilidade com que são atendidos.
Tudo vira, então, banal, em um cortejo de exigências tão mais absurdas quanto mais auto importância baseada na riqueza. Qualquer deslize na apresentação de um cenário cheio de detalhes ditos sofisticados é vivido como uma afronta pessoal.
De outro lado, os subservientes, aqueles a quem é incumbida a árdua tarefa de comprazer ricaços mimados, na esperança de que isso resulte em algum ganho financeiro pessoal.
Sempre em prontidão, cuidam para que qualquer ordem esdruxula seja recebida como um direito inquestionável, ainda que represente uma humilhação para quem a realize.
O resultado dessa tensa relação é, mais cedo ou mais tarde, a tragédia.
Como diz nosso psicanalista cearense, Daniel Lins, o oprimido é capaz de oprimir. E o jogo pode mudar na primeira oportunidade. A aparente apresentação caricatural, no filme, dessa relação de mútua dependência exibe, de fato, uma profunda tensão social com todos os sentimentos que dela decorrem.
Que o filme fique como reflexão sobre as vertiginosas desigualdades humanas, sobre as distorções do sentido da vida e sobre os caminhos da história.
Por: Christina Sutter
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