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Em um mundo melhor

No atual momento que estamos vivendo, vale revisitar o premiado filme EM Um MUNDO MELHOR (Haevnen, 2011), da diretora dinamarquesa Suzanne Bier, que aborda as gradações da violência interpessoal, do bullying nas escolas às formas mais bárbaras praticadas por grupos armados na África. Trata-se sempre de violência gratuita, mas que outorga ao perpetrador o prazer sádico de aniquilação do outro. Com os últimos atentados às crianças e adolescentes nas escolas e creches brasileiras, fomentados por internautas, por grupos neonazistas e similares, assistimos como o limite entre o humano e o não humano é tênue.


Maturana dizia que a linhagem humana, aquela que tem origem na biologia do amar, deve ser conservada, como qualquer linhagem. Se não for conservada, algo diferente pode surgir, algo que não poderíamos mais chamar de humano, apesar de biologicamente se parecer conosco. Nesta definição, a educação é fundamental para permitir a realização da ontogenia humana. Não se nasce humano, torna-se. A empatia, ou a falta dela, se aprende, na mesma proporção em que se recebeu cuidado, reconhecimento e amor.


Não temos respostas fáceis para o que vem acontecendo: no último ano foram nove atentados no Brasil. Mas, certamente, em algum nível a violência vem sendo legitimada. Para além das questões pessoais e familiares que possam existir por trás de quem comete essas atrocidades, temos que nos perguntar sobre a responsabilidade dos que estão em posição de autoridade no país e no mundo. Discursos de ódio geram ódio. E a negação do outro. O laço social se rompe, e tudo é possível.


Um mundo melhor é aquele em que esse laço é restaurado. Urge trabalhar nesse sentido: restaurar a cooperação, o pertencimento, a aceitação do diferente. Restaurar nossa linhagem humana, antes que seja tarde.


Texto: C. Sutter



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