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O Pianista - dica de filme

Nesse triste momento histórico em que descendentes de vítimas se tornam algozes, o filme retrata também a solidariedade capaz de proteger os desafortunados pela perseguição e por uma cruel injustiça que fere o bom senso e o sentido de humanidade. Szpilman é protegido pelos assim chamados gentios que, apesar de correrem riscos, são guiados pela compaixão. No final, ele é, inclusive, espantosamente socorrido por um oficial alemão que não o deixa morrer de fome. Se milhares sucumbiram no Holocausto, outros tantos foram salvos por pessoas corajosas que se recusaram a serem coniventes com a insanidade. Isso me faz recordar uma amiga (também polonesa e gentia), membro da resistência contra a invasão nazista, que aos 19 anos foi enviada para o campo de Treblinka. Antes de ser presa, ela ajudava a pintar de loiro os cabelos das vizinhas judias, na esperança de não serem identificadas. Janka sobreviveu e me permitiu conhecer sua história e aprender com sua coragem e compaixão.


Sabe-se que numa guerra, como em situações de catástrofe ambiental, o pior e o melhor do ser humano aparece. De um lado a indiferença, o oportunismo, e até o sadismo que encontra terreno fácil para sua expressão quando a vítima é estrategicamente desprovida de sua humanidade. De outro, a solidariedade, a fraternidade, aquele amor ao próximo apregoado pelo cristianismo, para além de convicções políticas ou étnicas. O saldo final são sempre histórias de crueldade e barbárie, mas também de heroísmo e compaixão. Como se a situação extremada de um conflito intenso revelasse com igual intensidade a sombra e a luz humana. É o que estamos assistindo, em tempo real, nesse momento. Que esse filme nos faça recordar daquilo que somos capazes e nos inspire a estar do lado humanitário da história, aquele que nos edifica e alicerça a civilização.


Texto: C. Sutter


Filme:

O Pianista - 2002

Direção Roman Polanski



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